Sete meses e meio após ter passado a faixa presidencial para a presidente Dilma (PT), o ex-metalúrgico que conseguiu chegar ao Planalto Central e ser considerado o presidente mais popular da história do Brasil, pisou em seu solo natal para cumprir uma agenda de dois dias e cheia de homenagens e compromissos políticos. Lula (PT) desembarcou as 14h30 no aeroporto internacional dos Guararapes, e foi recebido por correligionários. Em seguida, o ex-presidente, acompanhado do governador Eduardo Campos (PSB) seguiu direto para um almoço reservado na residência do governador, que contou apenas com familiares de Eduardo e com o ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) e o ex-ministro de tecnologia Sérgio Resende.
O primeiro grande compromisso de Lula no Recife foi o concerto comemorativo do quinto aniversário da Orquestra Cidadã Meninos do Coque. Antes, ao chegar ao parque Dona Lindu, em Boa Viagem, o petista pôde comprovar que a sua popularidade entre os conterrâneos continua nas alturas. Ele foi recebido com muitos aplausos e também foi bastante assediado por populares que insistiam em chama-lo de presidente. “Voltar aqui é uma coisa quase que natural. Estava com saudades”, confessou o ex-presidente que, mesmo atrasado para o show, não se recusou a dar autógrafos.
O clima de euforia dos populares com a presença de Lula acabou entusiasmando a artista popular Elisabeth da Silva, de 60 anos e idade e vinte deles dedicado à arte popular. Elisabeth defendeu a volta do petista à Presidência na eleição de 2014. “Como brasileira, estou orgulhosa das obras que o senhor fez. O senhor vai voltar”, profetizou.
Ao entrar no Teatro Luiz Mendonça, o filho de Dona Lindu foi saudado pelos convidados como “presidente”, e brincou afirmando que embora não seja mais presidente, ainda pode ajudar a orquestra. “Agora sou amigo do prefeito, do governador, dos dois senadores e da presidente Dilma. Podem contar comigo”, disse Lula, que acompanhado do prefeito João da Costa (PT) e do govenador Eduardo Campos foi saudado pelo fundador da orquestra, desembargador aposentado Nildo Nery, e pelo coordenador, o juiz José Targino.
Ao discursar, Lula cobrou a construção da escola de música e salas de concertos, que deverão ser feitas em um terreno da Marinha do Brasil no Cabanga, doado para o projeto na época em que Lula era presidente. “Temos que aprender que é mais barato evitar que uma criança se torne uma marginal que ter que cuidar dela quando crescer”, advertiu.
Das mãos do violonista Daniel Bernardino, que em 2008 foi presenteado pelo próprio Lula com o primeiro violino feito em eucalipto no mundo, o ex-presidente recebeu um troféu, esculpido em madeira pelo lutier (palavra francesa que profissional especializado na construção e no reparo de instrumentos de corda) Júlio Rocha. No discurso de agradecimento, Lula fez questão de estimular os jovens músicos. “Se eu consegui chegar à presidência, qualquer um de vocês pode ser o que quiser. Se não continuar músicos, pode estudar direito, medicina ou até jogar bola. Aliás, o Brasil esta precisando de gente que saiba bater pênaltis”, brincou, criticando a desclassificação do Brasil da Copa América.
Um dos assuntos mais comentados no meio político na última semana foi a possível intromissão de Lula na briga do atual prefeito João da Costa (PT) e o seu ex-padrinho político, o deputado federal João Paulo (PT). Quem esperava a intromissão do líder maior do PT na briga dos Joãos deve ficar frustrado. Após o concerto da Orquestra Cidadã Meninos do Coque, Lula tirou o corpo fora. “Se fosse só em Recife, a gente dava um jeito. Mas são quase seis mil municípios brasileiros com esse tipo de problema”, disse o ex-presidente.
Fotos: Sérgio Figueirêdo/divulgação
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