terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cordelista Paulo Tarciso lança o livro “As Janelas do Sobrado” e sociedade buiquense comparece em massa para prestigiar o evento


Quem prestigiou ao lançamento do livro “As Janelas do Sobrado”, do advogado, escritor e poeta cordelista Paulo Tarciso, na noite de sexta-feira (30/09), acreditando naquele ditado popular que diz que “Santo de casa não obra milagres,” certamente mudou o seu conceito e constatou que, quando o “Santo” e bom e competente, faz sim muitos e grandes milagres. Numa noite histórica para a cultural buiquense, empresários, políticos, profissionais liberais e populares, lotaram as dependências do salão paroquial e não abriram mão de adquirir o livro autografado pelo conterrâneo. O evento contou também com as presenças de dois escritores locais: o advogado Manoel Modesto e o jornalista e membro da Academia Pernambucana de Letras, Cyl Galindo.

Para Modesto, o lançamento da obra literária de Tarciso foi, sem sombra de dúvidas, o maior evento do gênero já realizado em Buíque. O advogado não perdeu a oportunidade e fez duras críticas à falta de políticas de incentivo a cultura local, especialmente aos escritores: “A atenção (a cultura) é zero, negativa e extremamente decepcionante”, desabafou.

Já o escritor Cyl Galindo, em entrevista ao JORNAL CORREIO DA CIDADE, lembrou que grandes escritores, assim como Paulo Tarciso, tiveram dificuldades de publicar as suas obras, “Eu gostaria de lembrar que grandes autores, inclusive Carlos Drummond de Andrade, financiaram os seus primeiros livros. Não é esse o obstáculo para se escrever um livro. Publicar tá certo, mas escrever é sentar e escrever, e Paulo escreveu um livro dessa dimensão, ele tem condições de escrever muitos mais. Ele tem sensibilidade e pode seguir em frente. E mais: ele trabalha com a literatura de cordel. A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, é todo baseado na literatura de cordel. Eu acho que Paulo deve seguir em frente, não esperar por ninguém. Faça a sua obra, que termina chegando lá”, aconselhou o buiquense que ocupa uma cadeira na Academia Pernambucana de Letras.

O buiquense ilustre não escondeu a alegria de está de volta a sua terra natal e poder ver um evento literário tão prestigiado. “Isso me enche o coração. Era isso que eu sempre quis ver em Buíque. Gente reunida em torno de um livro e de um autor. É pena que não fizeram isso também com Graciliano Ramos e também nunca fizeram comigo. Eu fiz um lançamento de um livro aqui e tinha quatro ou cinco pessoas. Mas é isso que eu quero ver em Buíque sempre, e me motivo um dia vir lançar um livro aqui também. A festa está linda e maravilhosa. As pessoas mais importantes de Buíque estão aqui hoje”, lembrou.

O JORNAL CORREIO DA CIDADE ouviu ainda dois ex-prefeitos que fazem parte da história de Buíque e estão no livro. Para Arquimedes Valença, Tarciso “Coloca a disposição da sociedade buiquense uma obra literária que traduz com perfeição parte da história do município”. O ex-prefeito ainda deixou uma mensagem de otimismo para as futuras gerações: “Quero deixar uma mensagem para os buiquenses, especialmente os mais jovens: Aqueles que têm vocação, aqueles que querem o desenvolvimento cultural do nosso município, se proponham a escrever mais livros, a contar mais histórias, para que possam escrever a nova história de Buíque daqui pra frente”.

O também ex-prefeito Blésman Modesto fez questão de exaltar o sucesso da festa de lançamento do livro. “Esse livro que Paulo Tarciso escreveu com tanta sabedoria, dedicação e amor, foi coroado neste momento com essa festa grandiosa. Um marco, que ficará para sempre na consciência dele, e nunca mais será esquecido por nós”. O ex-prefeito, que além de professor é advogado, filosofou: “Se ele deu ao livro o título de Janelas do Sobrado, ele fez muito bem em deixar as janelas fechadas, porque hoje ele abriu as janelas do sucesso”.  

Aplaudido de pé pelos seus conterrâneos, o escritor Paulo Tarciso não escondeu a satisfação e nem tão pouco a emoção de está realizando um dos seus grandes sonhos. Ele contou como nasceu a ideia de contar a história de muitos buiquenses que fizeram e ainda fazem a história do município.

“Dia desses tive uma grande surpresa. Estava preparando alguns expedientes no cartório onde trabalho, e, ao preencher alguns endereços, fiquei atento para um fato curioso: a maioria das ruas era composta com nomes de pessoas que conviveram comigo. Evidentemente que mais velhas. Foi aí que percebi que, apesar de jovem, já não era mais aquele menino de vinte e poucos anos, como cantava Fábio Júnior. Foi então que comecei a raciocinar: será que os moradores da rua José Salvador Pereira, sabem quem foi essa pessoa? E os da rua Odilon Nopa de Azevedo, conhecem o mínimo desse homenageado? Será que a nossa Câmara de Vereadores sempre foi assim: bonita como está hoje? E a feira-livre, será que ainda é a mesma de 40, 50 anos atrás? Na nossa Câmara Municipal está escrito em legras gigantes: “GABINETES FÉLIX DE FRANÇA GALVÃO” e na frente “PODER LEGISLATIVO JORGE DOMINGOS”. Será que a nossa juventude sabe quem foram essas pessoas? Como eram as festas de nossa cidade; as eleições, as apurações, os comícios e as festas? Será que os supermercados de nossa cidade existiam na década de 60? Se não, como era o nosso comércio naquele tempo? E as praças, as ruas e as escolas?”, explicou escritor.

Para falar das dificuldades, decepções e contratempos que o acompanharam na odisseia de ver o seu livro publicado, o poeta recorreu a um trecho da música “Sessão das dez”, do roqueiro Raul Seixas.

“Depois de seis anos trabalhando nesse livro, eu tenho o costume de dizer onde eu passei que Raul Seixas, tem uma música que ele cantava que diz: “Ao chegar do interior, inocente, puro e besta”. Eu também inocente, puro e bestas, quando comecei a escrever esse livro, imaginava que pra publicar quinhentos livros desses, seriam quatro ou cinco mil reais. Com certeza a Prefeitura me ajuda com uma parte, a Câmara de Vereadores ajuda com outra parte, a Associação Comercial me ajuda com outra parte, e o restinho eu cubro. O livro não está falando de Buíque, não está falando das lideranças políticas de Buíque, não está falando da história de Buíque. Eu acredito que não vai ser difícil conseguir isso, não. Aí eu fiz o projeto. Primeiro foi na Câmara de Vereadores. Entrei verbalmente, usei a palavra na tribuna, fui aplaudido de pé pelos presentes. Infelizmente, uma moeda de dez centavos não saiu. Fui lá várias vezes e não consegui nada, então disse: agora vou procurar o poder executivo, que no meu entender era obrigação patrocinar esse livro. Procurei: venha amanhã, venha de hoje a quinze, venha de hoje a um mês, venha daqui a cinquenta dias. E assim eu dei mais de 20 viagens, envergonhado igual a um animal irracional. Aí foi quando eu criei vergonha na cara e disse: Não venho mais nunca. Uma pessoa conhecida disse: você ainda não entendeu, não. Você ainda não entendeu o que ele quis dizer. Você já deu dezoito viagens aqui recebendo um não. Aí eu decidi procurar a Associação Comercial de Buíque. Eu disse: agora sai. Pela Associação Comercial de Buíque vai sair. Quem paga são comerciantes. O livro fala do comércio há cinquenta anos. Eu disse: agora vai sair. Infelizmente não saiu uma bala doce. Então cansado, sobrecarregado e envergonhado participei de um encontro de escritores e num deles, a palavra de um escritor famoso me marcou muito. Ele disse: Olhe, quando a gente começa é sempre assim. Não desista, não. Faça como aquele Nordestino valente na seca, na chuva, na enchente, não desista do seu sonho. Vá enfrente que você vai conseguir. Meta a cara e mostre que você tem valor na sua cidade”, contou em tom de desabafo o escritor buiquense.

Segundo Paulo Tarciso, para que o livro que conta a história de muitos buiquenses que ajudaram no desenvolvimento do município, trás a relação de todos os prefeitos, juízes de direito, promotores e presidentes da Câmara Municipal, além de várias outras histórias do cotidiano da cidade pudesse ser impresso, ele foi obrigado a recorrer a empréstimo bancário. O abra está sendo vendida ao preço de R$ 25,00, e vale muito a pena, especialmente para os buiquenses, que terão a oportunidade de reviver e principalmente conhecer a sua própria história. “Eu creio que todos que estão aqui hoje, se não estiverem na história, mas seu pai, seu avô, seu primo certamente vão estar”, garante o escritor.

                   CONFIRA AS FOTOS DE TUDO QUE ROLOU NO LANÇAMENTO DO LIVRO                    
   
O escritor Paulo Tarciso e sua esposa Quitéria Cavalcanti
Cézar Cavalcanti e o escritor Paulo Tarciso
Da esquerda pra direita: Os amigos Bily Kid, Cézar Cavalcanti, Manoel Modesto e Vandelso Araújo
O escritor buiquense Cyl Galindo, ladeado pelo ex-vereador Valter Ramos e o professor Esildo Barros 
Cézar Cavalcanti e o escritor Cyl Galindo
O colunista social Adauto Nilo preparando a sua máquina pra registrar o que rolou nos bastidores do evento 
Sociedade buiquense lota o Salão Paroquial  
O advogado Manoel Modesto parabeniza o colega escritor 


O escritor buiquense e membro da Academia Pernambucana de Letras discursa e parabeniza Tarciso
O mestre de cerimônia Ricardo Resende 
O escritor Paulo Tarciso não esconde a emoção de esta realizando um dos grandes sonhos de sua vida 






Conterrâneos formam fila para receber o livro autografado

Cézar Cavalcanti ladeado pela ex-vice-prefeita Miriam Briano e o ex-prefeito Arquimedes Valença
O radialista Ricardo Resende também ladeado pela ex-vice-prefeita Miriam Briano e o ex-prefeito Arquimedes
Descontraídas, a vereadora Rosy Santos e a amiga Thelma Valença
O radialista Ricardo Resende ladeado pelos ex-prefeitos Blésman Modesto (E) e Dílson Santos (D)
O ex-prefeito Arquimedes Valença e Cézar Cavalcanti
  

3 comentários:

Selma Amaral disse...

Parabéns Paulo Tarciso! Você merece essa festa linda!

Sucesso pra você, sempre!

Fernando disse...

Quero parabenizar o meu amigo Paulo Tarciso por sua intrepidez, determinação e sensibilidade ao escrever esse livro de muita importância para todos nós buiquenses. Poderia tecer elogios e qualificações ao meu amigo, mas isso é difícil, tantas são as qualidades que possui.

O que poderia dizer sobre ele?

Um bom menino;
Filho exemplar;
Um ótimo adolescente;
Magnífico amigo;
Bom esposo;
Excelente pai;
Proativo servidor do Poder Judiciário;
Poeta;
Escritor;
Professor, licenciado em Letras;
Bacharel em Direito;

E ainda leva consigo o nome do mais destacado e renomado Apóstolo de Jesus Cristo...

Paulo de Tarso.

É mesmo um exemplo para todos nós!

Vamos curtir as letras de Paulo, certamente será uma viagem inesquecível.

Um abraço fraterno,

Fernando Marcos Cavalcanti

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(Obrigado ao autor do Blog pelo espaço e parabéns pela reportagem)

LEONARDO ROGERIO DA SILVA disse...

O que falta em Buíque é uma politica de amor pela terra e pelas pessaos que nela residem...

Eu não sou filho desta terra, mas foi desta terra que nasceu meu pai, eu quero fazer parte desta história e nessa luta vou até o fim...


Parabéns Paulo, você é a luz desta cidade esquecida por seus gorvernantes.


Leonardo Silva