Quem prestigiou ao lançamento do
livro “As Janelas do Sobrado”, do advogado, escritor e poeta cordelista Paulo
Tarciso, na noite de sexta-feira (30/09), acreditando naquele ditado popular
que diz que “Santo de casa não obra milagres,” certamente mudou o seu conceito
e constatou que, quando o “Santo” e bom e competente, faz sim muitos e grandes
milagres. Numa noite histórica para a cultural buiquense, empresários,
políticos, profissionais liberais e populares, lotaram as dependências do salão
paroquial e não abriram mão de adquirir o livro autografado pelo conterrâneo. O
evento contou também com as presenças de dois escritores locais: o advogado
Manoel Modesto e o jornalista e membro da Academia Pernambucana de Letras, Cyl
Galindo.
Para Modesto, o lançamento da
obra literária de Tarciso foi, sem sombra de dúvidas, o maior evento do gênero
já realizado em Buíque. O advogado não perdeu a oportunidade e fez duras
críticas à falta de políticas de incentivo a cultura local, especialmente aos
escritores: “A atenção (a cultura) é zero,
negativa e extremamente decepcionante”, desabafou.
Já o escritor Cyl Galindo, em
entrevista ao JORNAL CORREIO DA CIDADE, lembrou que grandes escritores, assim
como Paulo Tarciso, tiveram dificuldades de publicar as suas obras, “Eu gostaria de lembrar que grandes autores,
inclusive Carlos Drummond de Andrade, financiaram os seus primeiros livros. Não
é esse o obstáculo para se escrever um livro. Publicar tá certo, mas escrever é
sentar e escrever, e Paulo escreveu um livro dessa dimensão, ele tem condições
de escrever muitos mais. Ele tem sensibilidade e pode seguir em frente. E mais:
ele trabalha com a literatura de cordel. A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna,
é todo baseado na literatura de cordel. Eu acho que Paulo deve seguir em
frente, não esperar por ninguém. Faça a sua obra, que termina chegando lá”, aconselhou
o buiquense que ocupa uma cadeira na Academia Pernambucana de Letras.
O buiquense ilustre não escondeu
a alegria de está de volta a sua terra natal e poder ver um evento literário
tão prestigiado. “Isso me enche o
coração. Era isso que eu sempre quis ver em Buíque. Gente reunida em torno de
um livro e de um autor. É pena que não fizeram isso também com Graciliano Ramos
e também nunca fizeram comigo. Eu fiz um lançamento de um livro aqui e tinha
quatro ou cinco pessoas. Mas é isso que eu quero ver em Buíque sempre, e me
motivo um dia vir lançar um livro aqui também. A festa está linda e
maravilhosa. As pessoas mais importantes de Buíque estão aqui hoje”, lembrou.
O JORNAL CORREIO DA CIDADE ouviu ainda
dois ex-prefeitos que fazem parte da história de Buíque e estão no livro. Para
Arquimedes Valença, Tarciso “Coloca a
disposição da sociedade buiquense uma obra literária que traduz com perfeição
parte da história do município”. O ex-prefeito ainda deixou uma mensagem de
otimismo para as futuras gerações: “Quero
deixar uma mensagem para os buiquenses, especialmente os mais jovens: Aqueles
que têm vocação, aqueles que querem o desenvolvimento cultural do nosso
município, se proponham a escrever mais livros, a contar mais histórias, para que
possam escrever a nova história de Buíque daqui pra frente”.
O também ex-prefeito Blésman
Modesto fez questão de exaltar o sucesso da festa de lançamento do livro. “Esse livro que Paulo Tarciso escreveu com
tanta sabedoria, dedicação e amor, foi coroado neste momento com essa festa
grandiosa. Um marco, que ficará para sempre na consciência dele, e nunca mais
será esquecido por nós”. O ex-prefeito, que além de professor é advogado,
filosofou: “Se ele deu ao livro o título
de Janelas do Sobrado, ele fez muito bem em deixar as janelas fechadas, porque
hoje ele abriu as janelas do sucesso”.
Aplaudido de pé pelos seus
conterrâneos, o escritor Paulo Tarciso não escondeu a satisfação e nem tão
pouco a emoção de está realizando um dos seus grandes sonhos. Ele contou como
nasceu a ideia de contar a história de muitos buiquenses que fizeram e ainda
fazem a história do município.
“Dia desses tive uma grande surpresa. Estava preparando alguns
expedientes no cartório onde trabalho, e, ao preencher alguns endereços, fiquei
atento para um fato curioso: a maioria das ruas era composta com nomes de
pessoas que conviveram comigo. Evidentemente que mais velhas. Foi aí que
percebi que, apesar de jovem, já não era mais aquele menino de vinte e poucos
anos, como cantava Fábio Júnior. Foi então que comecei a raciocinar: será que
os moradores da rua José Salvador Pereira, sabem quem foi essa pessoa? E os da
rua Odilon Nopa de Azevedo, conhecem o mínimo desse homenageado? Será que a
nossa Câmara de Vereadores sempre foi assim: bonita como está hoje? E a
feira-livre, será que ainda é a mesma de 40, 50 anos atrás? Na nossa Câmara
Municipal está escrito em legras gigantes: “GABINETES FÉLIX DE FRANÇA GALVÃO” e
na frente “PODER LEGISLATIVO JORGE DOMINGOS”. Será que a nossa juventude sabe
quem foram essas pessoas? Como eram as festas de nossa cidade; as eleições, as
apurações, os comícios e as festas? Será que os supermercados de nossa cidade
existiam na década de 60? Se não, como era o nosso comércio naquele tempo? E as
praças, as ruas e as escolas?”, explicou escritor.
Para falar das dificuldades,
decepções e contratempos que o acompanharam na odisseia de ver o seu livro
publicado, o poeta recorreu a um trecho da música “Sessão das dez”, do roqueiro
Raul Seixas.
“Depois de seis anos trabalhando nesse livro, eu tenho o costume de
dizer onde eu passei que Raul Seixas, tem uma música que ele cantava que diz:
“Ao chegar do interior, inocente, puro e besta”. Eu também inocente, puro e
bestas, quando comecei a escrever esse livro, imaginava que pra publicar
quinhentos livros desses, seriam quatro ou cinco mil reais. Com certeza a
Prefeitura me ajuda com uma parte, a Câmara de Vereadores ajuda com outra
parte, a Associação Comercial me ajuda com outra parte, e o restinho eu cubro. O
livro não está falando de Buíque, não está falando das lideranças políticas de
Buíque, não está falando da história de Buíque. Eu acredito que não vai ser
difícil conseguir isso, não. Aí eu fiz o projeto. Primeiro foi na Câmara de
Vereadores. Entrei verbalmente, usei a palavra na tribuna, fui aplaudido de pé
pelos presentes. Infelizmente, uma moeda de dez centavos não saiu. Fui lá
várias vezes e não consegui nada, então disse: agora vou procurar o poder
executivo, que no meu entender era obrigação patrocinar esse livro. Procurei:
venha amanhã, venha de hoje a quinze, venha de hoje a um mês, venha daqui a cinquenta
dias. E assim eu dei mais de 20 viagens, envergonhado igual a um animal
irracional. Aí foi quando eu criei vergonha na cara e disse: Não venho mais
nunca. Uma pessoa conhecida disse: você ainda não entendeu, não. Você ainda não
entendeu o que ele quis dizer. Você já deu dezoito viagens aqui recebendo um
não. Aí eu decidi procurar a Associação Comercial de Buíque. Eu disse: agora
sai. Pela Associação Comercial de Buíque vai sair. Quem paga são comerciantes.
O livro fala do comércio há cinquenta anos. Eu disse: agora vai sair.
Infelizmente não saiu uma bala doce. Então cansado, sobrecarregado e envergonhado
participei de um encontro de escritores e num deles, a palavra de um escritor famoso
me marcou muito. Ele disse: Olhe, quando a gente começa é sempre assim. Não
desista, não. Faça como aquele Nordestino valente na seca, na chuva, na
enchente, não desista do seu sonho. Vá enfrente que você vai conseguir. Meta a
cara e mostre que você tem valor na sua cidade”, contou em tom de desabafo
o escritor buiquense.
Segundo Paulo Tarciso, para que o
livro que conta a história de muitos buiquenses que ajudaram no desenvolvimento
do município, trás a relação de todos os prefeitos, juízes de direito,
promotores e presidentes da Câmara Municipal, além de várias outras histórias
do cotidiano da cidade pudesse ser impresso, ele foi obrigado a recorrer a
empréstimo bancário. O abra está sendo vendida ao preço de R$ 25,00, e vale
muito a pena, especialmente para os buiquenses, que terão a oportunidade de
reviver e principalmente conhecer a sua própria história. “
Eu creio que todos que estão aqui hoje, se não estiverem na história,
mas seu pai, seu avô, seu primo certamente vão estar”, garante o escritor.
CONFIRA AS FOTOS DE TUDO QUE ROLOU NO LANÇAMENTO DO LIVRO
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O escritor Paulo Tarciso e sua esposa Quitéria Cavalcanti |
3 comentários:
Parabéns Paulo Tarciso! Você merece essa festa linda!
Sucesso pra você, sempre!
Quero parabenizar o meu amigo Paulo Tarciso por sua intrepidez, determinação e sensibilidade ao escrever esse livro de muita importância para todos nós buiquenses. Poderia tecer elogios e qualificações ao meu amigo, mas isso é difícil, tantas são as qualidades que possui.
O que poderia dizer sobre ele?
Um bom menino;
Filho exemplar;
Um ótimo adolescente;
Magnífico amigo;
Bom esposo;
Excelente pai;
Proativo servidor do Poder Judiciário;
Poeta;
Escritor;
Professor, licenciado em Letras;
Bacharel em Direito;
E ainda leva consigo o nome do mais destacado e renomado Apóstolo de Jesus Cristo...
Paulo de Tarso.
É mesmo um exemplo para todos nós!
Vamos curtir as letras de Paulo, certamente será uma viagem inesquecível.
Um abraço fraterno,
Fernando Marcos Cavalcanti
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(Obrigado ao autor do Blog pelo espaço e parabéns pela reportagem)
O que falta em Buíque é uma politica de amor pela terra e pelas pessaos que nela residem...
Eu não sou filho desta terra, mas foi desta terra que nasceu meu pai, eu quero fazer parte desta história e nessa luta vou até o fim...
Parabéns Paulo, você é a luz desta cidade esquecida por seus gorvernantes.
Leonardo Silva
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